sexta-feira, 11 de junho de 2010

Grito mudo



A hipocrisia me enoja


O velho jogo das aparências

Empurrar a sujeira para debaixo dos tapetes

Alguém em algum momento

Limpará a porcaria

A sordidez estampada

O verniz social

Pelo bem da paz

Uma paz que não existe

Uma falsa tranquilidade

Me cansa ver a omissão

As palavras não ditas

Muitas vezes sufocam

E viram câncer

Meu desabafo é a minha escrita

A minha escrita é minha voz

Grito alto pra dentro

Grito vazio no meio de mim

Procurando não morrer

Fugindo da ignorância do silêncio

Evito pensar no mal

Nos pensamentos negativos

Que me torturam

Nos filmes de horror

Nas mortes lentas

Nos venenos que escondem

Um certo charme

Nas diabólicas vilãs

Todo mundo tem um lado vil

Fingimos apenas não ver

Não deixamos ele vir à tona

Mas todo mundo tem uma Bette Davis dentro de si

Matar aquele alguém

E depois tomar sorvete

Como são doces os pensamentos mórbidos

Minha escrita é a minha cura

Meu remédio

Meu alento

Minha redenção

O grito mudo

Ganha som quando escrevo

E grito tão alto

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