segunda-feira, 11 de outubro de 2010

amor é um lugar estranho


O amor é um lugar estranho, porque somos nós que o procuramos e é sempre ele que nos encontra. Um lugar onde só se vai de olhos fechados e coração aberto, sem saber ao que vamos, mas sabendo apenas que queremos ir.




Todos sabem o caminho de cor, até ao dia em que o têm de percorrer. Aí o passo treme, vacila, hesita, suspira, respira fundo, chama por ele, pede-lhe ajuda. E o amor ri-se, sopra um beijo e diz-nos ora para sermos pacientes, ora para sermos ousados. E assim se define o caminho para o amor, feito de contradições, numa alameda de encantos e desencantos, tão única como o lugar aonde nos leva.



Lá chegados, no meio do nevoeiro, surge de novo essa mesma certeza: o amor é um lugar estranho. Nele não existe nem noite nem dia. A luz vem do fogo dos que amam, a escuridão do vazio que os separa. Juntos são Sol, são Lua, brincam entre planetas e galáxias, beijam-se escondidos na cauda dos cometas. Separados são a distância entre as estrelas, que parecem tão perto, mas infinitamente tão longe.



Nesse lugar o tempo não passa, os risos não morrem, as palavras não se esquecem. O amor não é um lugar estranho por ser perfeito, mas por tornar belas as pequenas imperfeições. E as sombras que aí existam, quando o amor é sincero, são como a efémera que tem a sua existência definida pelo seu nome.



O amor não é um lugar estranho por ser feito de riqueza e palavras caras, de beleza ou deslumbramento. É estranho por ser feito de sonhos, daqueles que nos alegram por serem verdade mesmo depois de acordarmos.



E se fosse feito um mapa desse lugar tão estranho, o resultado seria uma folha em branco. Porque o amor não se define pelo que os olhos vêem e pelo que as palavras dizem. Define-se por ser indefinível e aqueles que têm a felicidade de repente se encontrarem não se preocupam em descrevê-lo.



Para quê? Se o melhor desse estranho e almejado lugar é poder vivê-lo.



Sem um tu, sem um eu.



Nós.



E talvez assim, no meio de toda a sua estranheza, não nos pareça tão estranho.

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